Olhos negros atravessaram o mar

O corpo negro em cena na an?lise corporal: Bioenerg?tica e Bioss?ntese O Brasil ? um pa?s racializado. Tem sua hist?ria social gravada nos espa?os ocupados pela invas?o colonial, domina??o de povos origin?rios, escravid?o e imigra??o europeia. Caminhando por este grande territ?rio, percebe-se que essa hist?ria imprimiu marcas na terra, colonizou corpos e mentes, o que se traduz e se atualiza cotidianamente nas rela??es, na invisibiliza??o proposital de uma parte da popula??o. Todos participam desse sistema, negros, brancos e n?o brancos, e ? imprescind?vel que se saiba disso. A ideologia racista, propagando ideias de inferioridade e subalternidade de determinados povos, atravessa a todos, embora de lugares e experi?ncias diferentes, e os povos oprimidos (negros e ind?genas) sofrem imensamente as consequ?ncias das desigualdades sociais, levando ao adoecimento f?sico e ps?quico. A ra?a branca usufrui de oportunidades, mas se isenta de responsabilidades num sistema injusto. A di?spora africana retratada neste livro, «Olhos negros atravessaram o mar», revela o impacto dos efeitos ps?quicos causado pelo racismo e seus desdobramentos nas rela??es inter e intraps?quicas, singularmente no povo negro. A tem?tica ? um chamado com a inten??o de sensibilizar os profissionais de diversas ?reas de conhecimento para perceberem o que est? inscrito para al?m da cor da pele. ? um enunciado onde cada um precisa se reconhecer e se rever. ? uma porta que se abre na esperan?a de elabora??o e transforma??o do pensamento sobre valores, cren?as colonialistas, e de uma poss?vel emancipa??o. Passando pelas bases te?ricas da atua??o terap?utica, assentadas na an?lise corporal de Wilhelm Reich, na bioenerg?tica de Alexander Lowen, na bioss?ntese de David Boadella, na psican?lise de Frantz Fanon e Neusa Santos Souza e no grupo operativo de Pichon Rivi?re, ? ressaltado o trabalho corporal, palco da hist?ria individual e coletiva com vistas a esse lugar transformador. N?o apenas partindo da verbaliza??o, mas tendo o corpo como elemento protagonista, morada de alegrias, sofrimento e traumas. ? tamb?m mostrada uma experi?ncia grupal no encontro de corpos negros, lugar de troca de reflex?es e viv?ncias em rela??o ? negritude e ? branquitude, que ao longo do tempo se revelou afirmativa no fortalecimento da identidade. Nas palavras aqui registradas, ? afirmado o quanto ? vital que as institui??es que visam transmitir conhecimento se revejam para n?o serem reprodutoras de comportamentos que propiciam desigualdades, injusti?as, sofrimento e adoecimento. Este livro trata do acreditar, do valor fraterno, do respeito, do cuidado para consigo e com o outro, para que se possa ter dias melhores para todos.